criança



Hoje cruzei a esquina do mundo.

Experimento as mãos de velho veludo
e o pulso responde
sacoleja o coração desbotado.

Ainda era criança quando amava o teu corpo pequeno.

Neles sempre tuas mãos, baças telúricas:
uma se assenta em um joelho, firme.
E o teu peito o teu peito.

Antes a tua luz, os teus cachos

caindo em chuva sobre os ombros
primavera esperada: teu flanco
tua perna de mulher por um triz.

Hoje te ofereço meu sorriso sem fósforo

te imponho o eixo arbitrário da minha pelve
a tua boca vai se abrindo, estranha e velha cicatriz
e sem fingimento toda te acendes.

Liga-te a vida se não te apagas.

Imagino a vida que há de vir do oculto do teu ventre
nadando em teu lago tão distante
na gema de todo o teu caos.






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